Conta a lenda que a caixa de pandora continha todos os males
da humanidade e no fundo, bem ao fundo, a esperança. Pandora foi orientada não abrir
a caixa, mas em desobediência o fez. Liberou, portanto todos os males que ainda
afligem hoje a humanidade. Menos a esperança que ficou no fundo da caixa. Mas
deixou-nos a esperança? A esperança de
que tudo possa ser diferente. Acalento
todos os dias esta ideia como quem mantém uma chama acesa para não fenecer no
escuro.
Já dizia Sartre, o homem está condenado a sua liberdade.
Assim é, temos o livre arbítrio para escolher o caminho. Impossível não escolher,
mesmo quando nos abstemos da escolha. Conhecer as sombras interiores e alcançar
a esperança no fundo desta caixa é a possibilidade de fazer as melhores
escolhas.
Penso que quando não
temos percepção própria, invariavelmente e de forma
inconsciente concentramos dores, cores, amores,
em nossa caixa, o que pode ser nossa
ruína ou nossa salvação no amanhã. Ao longo do tempo o descuido pode destruir o
bem (a esperança) que dorme ao fundo. Ou o cuidado pode destruir todo o mal que
poderia existir. Esta é uma escolha de
Sartre e de homem comum.
Onde esta a senha, o login, a chave da Caixa de
Pandora? Preciso estar com a chave em
punho e abrir esta bendita com frequência, como se fosse manutenção. Como
limpeza da caixa d’água. Preciso de água
limpa de beber.
Água mansa que mata a sede ou a solidão de um poeta, que se
completa só no tempo ou no vento, que
cerra seus olhos com a certeza de
navegar nas nuvens e sonhar com o beijo
da terra distante. O poeta, homem – ser que crê na esperança do bem, bem no fundo da Caixa
de Pandora reserva-se a eternidade. by glaucia
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