quarta-feira, 31 de julho de 2013

BARRA DO DIA

Tristeza pode ser costume qualquer
Vicio, ou medo de outra tristeza.
Um dia o sol quer se por e os olhos se fixam nele...
Precisa segurar a barra do dia
A noite é escura e o dia demorará!
O próximo sol pode trazer terrores estranhos, novas dores
Melhor seria mesmo ficar com o velho sol.
O velho sol tem um velho sapato, exatamente no formato dos velhos pés
Aqueles que estão sei lá onde, mas que um velho coração teima em seguir
(só pela força da alma)
A barra do dia,
Bela e segura,
Mostrara suas agulhas, agruras

Dor crônica de um corpo fustigado que tombara, feliz
by glaucia ribeiro

SÓ UM VASO

Como um jardim florido se perde num arco-íris!
Esquecem-se esquecidas flores em canto
Encanto sobre a mesa, 
Um jarro antigo a exalar amores e odores
Posto solitário de "onten's"
Sobras vivas esperando amanhãs.

terça-feira, 30 de julho de 2013

UM CRISTO NA TERRA DO NUNCA

De braços abertos um cristo  sibila
Príncipe  desencantado por princesa de barro qualquer,
Dia qualquer, um dia...qualquer dia!
Distante  terra do nunca,  és luz, imagem, ação e fantasia
(Ou és apenas um cego na escuridão!)
Restos d'outros dias, versados no vinho ou em mate gelado.
Louco longe como estrelas, de brilho agudo
Sibilante  ponta de agulha a atravessar um tecido doce de algodão.
Alva nuvem num sonho de criança de braços estendidos
Um cristo na terra do nunca.

SENHAS OU SONHOS

Eu queria apenas a senha de um coração!
Uma senha que assanha, me apanha, me junta e me cola.
Queria o restos mortais da própria sorte moribunda e fétida
As agulhas do tempo nas gotas do orvalho!
Queria a nota, a prova, a fé, a espera no sol que nasce a cada manhã
O vermelho do horizonte que se fecha de negro para esperar sua   lua.
Queria o topázio de seus olhos, o frio de sua boca e o ácido de suas tristezas a compor minha alma de compaixão.
Eu queria a fé, que  rompe e inrompe por coragem para crer
Queria a honestidade dos bichos, que dão-se à própria sorte  cconfiantes apenas na vida.
Eu queria o verde destas matas que se confunde com azul da profundidade a roer sob a terra os monstros da saudade.
Eu queria apenas a senha ou sonho.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A LOUCA


Doente, a louca!
Tresloucada em uma força estranha 

O sol queima e já sem força 
Assim, tipo 
Assim, meio tipo 
Assim, tipo assim 
Assim meio grilo, meio bicho, meio bico, meia boca! 
A louca! 
Tudo crê, vê, arrepia, chama, chamega, chega, ama, cama... 
Quente chama queima e esparrama, rama que clama. 

A louca, rouca, sobrevivente, vivente, rouca, louca

Dedicado a minha amiga Soraia

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DEUS É O TEMPO

O tempo, o vento, a ventania e a dor
Passam como brisa, sereno e sabor
Deixa o perfume da flor
Da flor a cor, a dor, o amor.
O tempo é Deus,
Esperança que brota na terra
Gotas de vida no orvalho noturno
Saudade da força invisível
Deus é o tempo
Deus sou eu
Eu sou o vento, ventania
Sou o templo
Sou Deus

Dedicado a Antônio de Simone!

REI DE NADA

Rei de marginais,
Sua coroa é de  latas
Seu manto feito de trapos
Seu castelo... são  bueiros e calçadas
Seus súditos, os drogados, alcoólatras e sem rumos
Rei de esfarrapados e desvalidos
Perdera-se nos caminhos! Andas em círculos!
Não vive, não sente, não precisa
Seu corpo não faz sentido, sua cabeça se liga ao nada
Recolhe-se sozinho para a morte longe das vistas dos seus?
Como se nada existisse, como se existisse apenas o nada.

terça-feira, 23 de julho de 2013

SAMBAS E BEIJOCAS

Em ti risos
Somas
Prontos e pontos.
Sonhos
Esperas
Fases e passos.
Em ti samba
Bambas e Allstar
Travessias
Matas, deserto e mar
Jangada, barco, balsa e salsa
Coentro e cebolinhas
Abraços e beijocas.

ARVORE SECA

Árvore solitária no campo
retorcida, queimada, recusada pela chuva
Castigada pelo sol,  ventos secos e cortantes
Árvore só, em campo descampado, desamparado pedaço de ser
cinza, casca, seca, cinza...
Por dentro sangue,
O vermelho da seiva.

domingo, 14 de julho de 2013

ATÉ MAIS

Do porto despeço- me.
Daqui sei agora o que penso, por que caminhos seguir e o que vale a pena.
De meu porto, não mais me consumo o olhar  no horizonte.
De costas espero novas naus
Coloridas, barulhentas, brilhando a ouro... divina expressão de Deus!
Deste porto, despeço-me com as lembranças, os retratos, os livros e as histórias para contar.
Até mais.

DESPEDIDA

É chegada a hora
O desencanto é inevitável  sob a batalha .
Prepara se  guerreiro para o  luto!
Morre em si   na ilusão que te fez
doce, louca e viciante (ilusão)?
Ilusão  disfarçada e tonificada  de poesia delirante.
Deita lhe  dor que aperta o peito em saudade adiada para sempre
o futuro, invisível espera, incerto e promissor .

A PASSAGEM

Os anjos são como as estrelas, para serem vistos é preciso que as nuvens se dissipem.
Conheci um anjo, ele veio devagar, foi tomando conta, foi iluminando tudo, foi aquecendo, mas a passagem dele foi rápida. Deixou apenas o cheiro de jasmim.
Hoje  por detrás das nuvens, se esconde do nada.
Sentei-me aqui para ficar de olhos postos no céu e não perder uma possível aparição.
Mas o céu está nublado e o anjo com preguiça de se mexer.
Toda a brisa parou. O ar está seco, não há mais jasmim, nem jardim.
O vento não sopra, não há cor, nem som, nem dom...
Está tudo congelado a espera da volta do anjo que talvez nunca volte.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

ESTRELAS DO TEMPLO

Eu vi um templo jorrando estrelas como chuva no quintal
Tinha tons prateados embalados em sons desarmônicos
Feito pássaro rouco em busca do melhor canto
Eu vi o céu se abrir em cortinas rubras para deixar passar o balé
Rodopios de dança estranha, sem nexo, torta feito árvore de cerrado
Chocalho do tempo, no templo do eternamente.

domingo, 7 de julho de 2013

PEQUENA FRESTA

O portal se move abrindo uma pequena fresta...
De tão singela a paisagem parece estranhamente bucólica!
Pequenos raios entram como promessas vivas e absurdamente vibrantes. Isto é o que há do outro lado do portal? É preciso uma travessia que seja capaz de transpor toda uma vida de enganos. É preciso corrigir as velas e as rotas da intuição. É preciso cuidado e delicadeza para entrar neste cenário.
Que o Divino, que dizem morar em meu ser, me oriente, me ilumine e me faça fazer a coisa certa.
Que o bem faça alarde, que o sonho se concretize, que a fé se renove. Glaucia, 7/7/13

quinta-feira, 4 de julho de 2013

TANTAS JANELAS

Pela janela o sol,
o girassol,
o cheiro,
silvos longínquos
um caminhão na rodovia
um avião no céu
um toc toc no andar de cima
silêncio
uma janela
segredos
uma moça debruçada,
o sol,
o girassol
o cheiro,
o som
o dom

quarta-feira, 3 de julho de 2013

FLORES DE INVERNO

És o sol,
espalhado em ramos ao céu,
em ramas e chamas,
me chamas,
me amas.
...Eu feito flores de inverno:
pálidas, cálidas...
Queimam infames no vazio surdo de nosso canto!
Queimam sagrados mistérios de encantos!