quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

MAÇÃ COM PIMENTA

Tens o cheiro rubro de minhas maçãs!
Quente e sólido e o sangue a pulsar-me nas entranhas

Tens o gosto apimentado e voraz de meus sentidos
Fluída e ágil e onda a queimar-me o corpo

Sombras, penumbras, relógios e figuras tremulantes  testemunhas nas paredes

Tens o poder dos deuses escondido num canto escuro que se confunde em sala, quarto e cozinha.

Salve o ácido deste vinho,  a magia desta dor que cessa, se lambuza, se farta bravia e louca.

MORTE E VIDA AMENDOIM


Vidaemorte que arranha,
Rasga-me  entranhas!
Arranca-me  da mata escura da ignorância, Aborta-me  o sonho
Do sonho de viver...
Como doce de leite, música, algodão...
Morteevida enviada,
Fazes- me amada, amante, errante, peregrina
Dá-me o poder de ser
Presente em frente
Rio que desce em desatino
Que corre nas veias e escorre pelos dedos
O meu gosto a se deliciar
E que vai ao mar, sambar, sonhar

MORTE EM PEDAÇOS


Ronda-me à morte de uma vida
Morre um nascer dos dias
Sonhos inteiros,
Uma morte inteira,
Sem vida.
Pedaços mutilados de uma vida inteira
Sem mortes.

Sonda-me a ousadia dos viveres
No espetáculo da crisálida,
Que morre lagarta
Nasce borboleta!
Descerro-me  numa barra do dia,
Leve  luz
Traz  noite, magia.

Assim caminha a humanidade:

um pé por pé, um pé dentro e outro fora, um a pé, de pé, sempre que dá pé. 

E os sonhos... estes cansam as poesias que cansam os poetas ocupados no viver.

E o viver tremula sob sol de verão ou primavera, a cada pôr e ao raiar.