O SER
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
O SER
Psicóloga, Psicoterapeuta, Mentora de Carreira, Professora, Mãe, Mulher. Não necessariamente nesta ordem.
sábado, 25 de agosto de 2012
VAGA ALMA VAGANTE
Madrugada fria
Por dentro gelo
Cascatas de sangue nas veias
Palpitando nas têmporas
Lua cavando precipícios sem fim
Como voo em queda de alma vagando
Busca territórios invisíveis
Cadeias de sombras e luz
Por dentro gelo
Cascatas de sangue nas veias
Palpitando nas têmporas
Lua cavando precipícios sem fim
Como voo em queda de alma vagando
Busca territórios invisíveis
Cadeias de sombras e luz
Alma errante
Aventurando-se em amanhã incerto
(Feito filme Forrest Gump?)
Psicóloga, Psicoterapeuta, Mentora de Carreira, Professora, Mãe, Mulher. Não necessariamente nesta ordem.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
REFLEXÕES PSICODÉLICAS DE M’ALMA
1979/80, final do governo militar, general Figueiredo. Dizem
que foi tempo de enorme crise econômica, início do processo de reabertura
política do país. Já acenava o contexto de 1980, que a literatura chama de década
perdida. Perdido mesmo, penso eu, era o povo. A geração de meus pais
provavelmente não saberia votar pois
foram reprimidos em seus pensamentos.
A moda saia de um estilo rebelde punk para voltar a um estilo mais rock, assim diz a critica da época: estilo new wave. Inicia-se um movimento que logo depois marcou nossa geração, o nosso rock nacional (brasiliense), Capital, Legião, Paralamas, RPM... mas isto foi bem mais tarde.
Neste tempo, eu ainda não sabia de nada disso. Nem imaginava que cenário viveria. Meu mundo estava mesmo povoado de dúvidas, angústias familiares, e meu corpo começava a mudar. O que eu tinha certeza mesmo era que meus dedos dos pés estavam mais longos e pareciam muito mais bonitos.
A moda saia de um estilo rebelde punk para voltar a um estilo mais rock, assim diz a critica da época: estilo new wave. Inicia-se um movimento que logo depois marcou nossa geração, o nosso rock nacional (brasiliense), Capital, Legião, Paralamas, RPM... mas isto foi bem mais tarde.
Neste tempo, eu ainda não sabia de nada disso. Nem imaginava que cenário viveria. Meu mundo estava mesmo povoado de dúvidas, angústias familiares, e meu corpo começava a mudar. O que eu tinha certeza mesmo era que meus dedos dos pés estavam mais longos e pareciam muito mais bonitos.
Na escola (municipal de um bairro
pobre de uma cidade do interior), tínhamos quadrilha e eu era chamada de
“coalhada”, “barata descascada” e outros adjetivos inesquecíveis. Fiquei sem par para quadrilha e nem sei por
que. Queria mesmo era dançar com o menino de cabelos bem lisos, o mais bonito,
mas ele já tinha par e eram os primeiros da fila indiana. (Depois, muito
depois, casou-se com minha melhor amiga. Ah o destino!) Mas enfim, me sobrou o
menino do braço queimado. Ninguém queria dançar com ele, pois tinha uma grande
cicatriz no braço. Fiquei consternada quando a professora me colocou para
dançar com Gil (ops, já ia falando o nome. A lembrança me trai como se fosse
ontem.) Sábia e intuitiva professora, que
duvido, naquela altura tinha alguma ideia do que seria lei de inclusão, Bullying, integração ou
qualquer coisa do gênero.
No final com toda timidez de menina branquela,
coalhada, em escola municipal da periferia de cidade do interior, me arrisquei a
dançar a tal quadrilha, o que não queria de jeito algum. Tinha medo de errar e
que rissem de mim. Minha mãe comprou o tecido preto de flores rosas e fez a
roupa (da foto).
Mas ainda causava-me compaixão e certa repulsa aquele braço cheio de cicatriz e talvez atrofiado. Justo o braço que segurava para a dança. Mas de coração amolecido, logo percebi que estava tudo bem, que era legal e que tinha me acostumado.
Mas ainda causava-me compaixão e certa repulsa aquele braço cheio de cicatriz e talvez atrofiado. Justo o braço que segurava para a dança. Mas de coração amolecido, logo percebi que estava tudo bem, que era legal e que tinha me acostumado.
A partir de agora então, me lembro
apenas de um casal de crianças angustiadas em seus medos que recebiam
uma medalha na poeira do grupo municipal escolar na periferia de uma cidade do
interior.
Até hoje não tenho certeza se ganhamos pela fantasia melhor caracterizada ou se pela originalidade de sermos realmente meio caipiras. Eu tinha vindo da roça mesmo, literalmente. Ele, não sei de onde veio, mas sei que hoje é dono de um sacolão (verduraria , quitanda para quem não conhece o termo).
Até hoje não tenho certeza se ganhamos pela fantasia melhor caracterizada ou se pela originalidade de sermos realmente meio caipiras. Eu tinha vindo da roça mesmo, literalmente. Ele, não sei de onde veio, mas sei que hoje é dono de um sacolão (verduraria , quitanda para quem não conhece o termo).
Penso em quantas crianças vivem este momento, que passam em
branco e que jamais alguém imagina que depois de 3 décadas ela estará ainda
escrevendo sobre fato. Quem diria naquele tempo que esta seria minha primeira
lembrança da situação delicada que é uma
diferença física. Hoje sei, a diferença física, todos vêm e é tratada no mundo concreto
. Difícil mesmo é lidar com as feridas interiores da discriminação e do
preconceito.
Mas quando iniciei este post, só queria dizer que minha alma já amava sua alma...ja naquele
tempo.
Naquele dia, da medalha, do
menino do braço queimado, numa escola da periferia de uma cidade do
interior, um dia qualquer de junho, minha alma já amava sua alma. Isto aconteceu
bem antes, lá nas estrelas. Um dia saberá disso como sei hoje. E posto está que
não será o corpo, o espaço ou o tempo, maior.
Toda a natureza é Divina, somos natureza, portanto também somos deus. Fagulhas dele, fazendo parte de um mesmo todo, que se "arranja", que se move em direção ao cosmo. Não sabemos de onde viemos nem como é o cosmo e vamos vivendo, assim como está, para ver como é que fica.
Toda a natureza é Divina, somos natureza, portanto também somos deus. Fagulhas dele, fazendo parte de um mesmo todo, que se "arranja", que se move em direção ao cosmo. Não sabemos de onde viemos nem como é o cosmo e vamos vivendo, assim como está, para ver como é que fica.
Neste movimento não há o maior, não há o menor, o mais ou o menos. Neste movimento está o vazio e o todo! Neste movimento está a perfeição de DEUS. Não existe acaso, existe energia, esperança e fé. Os caminhos se cruzam por algum motivo maior, que se manifesta em desejo, prazer, sinergia, força...Mas nunca saberemos que "luz" é esta. Para mim, você é isto: LUZ! LUZ DIVINA.
Glaucia
Ago/2012
Psicóloga, Psicoterapeuta, Mentora de Carreira, Professora, Mãe, Mulher. Não necessariamente nesta ordem.
Assinar:
Postagens (Atom)