Tarde de domingo, baforadas de ar
quente, ardem os olhos... Janelas abertas fazem com que cortinas dancem ao ritmo das rajadas de vento
, suaves, refrescando os suores por alguns rasgos de segundos. Quem sabe fossem
abertas as paredes? Porém percebo que talvez tenha sido aberto o chão. Experimentamos
as baforadas do inferno ou do núcleo da
terra. O que deve ser a mesma coisa, que provoca o mesmo mal estar.
Enquanto isto, no país das
maravilhas, Alice se diverte. Sonha com futuro prospero, sonha que é feliz,
tipo samba de Zeca Pagodinho em roda de churrasco tupiniquim, na laje sabe? Vida de Alice dá samba. “Judia de mim. Mas o amo tanto assim, que nem
me importo”. Alice é sábia.
Ela sabe que o coração humano é lugar sem lei,
não há sondagem, nem caminhos, não existem saídas. É terra de ninguém, portanto não pode ser controlado,
acelerado, parado, vigiado. O coração humano só pode mesmo bater no ritmo
cadenciado, como bateria de escola de samba descendo avenida da vida. Vivendo a vida vivida, oferecida pelo Pai Maior, que para tantos passa em preto e
branco.
A nossa Alice Tupiniquim, ou até
poderia ser a Polyana (personagem infanto-juvenil de Eleanor H. Porter), procura “ver” a vida
do ângulo positivo. Como em um caleidoscópio, gira e gira e gira, para encontrar
as melhores imagens. Talvez esta seja a melhor metáfora para liberdade. Uma sequencia
de imagens, provocadas por movimentos aleatórios.
Mas como tudo certamente não cor
de rosa, existe uma tristeza, a imagem anterior nunca mais volta. Será sempre
nova e as Alices ou as Pollyannas,
também Eu e Você continuaremos no samba de roda, na roda de samba, andando em círculos,
ou seria dançando, jogando o jogo do contente ou quem sabe seguindo o conselho
da Rainha Vermelha: "É preciso
correr tudo o que você puder, para se manter no mesmo lugar. Se você deseja ir
em outro lugar, você deve correr pelo menos duas vezes mais rápido que
isso!"
Glaucia
Set. 2012
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