segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ALICE'S



Tarde de domingo, baforadas de ar quente, ardem os olhos... Janelas abertas fazem com que  cortinas dancem ao ritmo das rajadas de vento , suaves, refrescando os suores por alguns rasgos de segundos. Quem sabe fossem abertas as paredes? Porém percebo que talvez tenha sido aberto o chão. Experimentamos as baforadas  do inferno ou do núcleo da terra. O que deve ser a mesma coisa, que provoca o mesmo mal estar.
Enquanto isto, no país das maravilhas, Alice se diverte. Sonha com futuro prospero, sonha que é feliz, tipo samba de Zeca Pagodinho em roda de churrasco tupiniquim, na laje sabe?  Vida de Alice dá samba.  “Judia de mim. Mas o amo tanto assim, que nem me importo”.  Alice é sábia.
Ela  sabe que o coração humano é lugar sem lei, não há sondagem, nem caminhos, não existem saídas.  É terra de ninguém, portanto não pode ser controlado, acelerado, parado, vigiado. O coração humano só pode mesmo bater no ritmo cadenciado, como bateria de escola de samba descendo avenida da vida. Vivendo a  vida vivida, oferecida pelo  Pai Maior, que para tantos passa em preto e branco.
A nossa Alice Tupiniquim, ou até poderia ser a Polyana (personagem infanto-juvenil de Eleanor H. Porter),  procura “ver” a vida do ângulo positivo. Como em um caleidoscópio, gira e gira e gira, para encontrar as melhores imagens. Talvez esta seja a melhor metáfora para liberdade. Uma sequencia de imagens, provocadas por movimentos aleatórios.
Mas como tudo certamente não cor de rosa, existe uma tristeza, a imagem anterior nunca mais volta. Será sempre nova e as  Alices ou as Pollyannas, também Eu e Você continuaremos no samba de roda, na roda de samba, andando em círculos, ou seria dançando, jogando o jogo do contente ou quem sabe seguindo o conselho da Rainha Vermelha: "É preciso correr tudo o que você puder, para se manter no mesmo lugar. Se você deseja ir em outro lugar, você deve correr pelo menos duas vezes mais rápido que isso!"
Glaucia
Set. 2012

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