Sou um engano, fugitiva de mim mesma. Em espírito sou anjo,
de luz, que delicia sensibilidades e afaga necessitados. Sou muitos EUs. Alguns
em sublime sabedoria de Deus e outros em profundezas sombrias. Uns a
serviço da arte, outros ao desserviço desta. Existe um EU da natureza, dos
matos, das sanhas e manhas da terra. Outro da selva de pedra, do glamour da
Avenida Paulista, com seus edifícios de poder. (e de primos ricos)
Morro todos os dias, em falsas loucuras, quando faço intrigados
os outros ao sublimar em artes ou me refugiar em cultura fastfood. Enquanto isto me protege a
loucura que aos olhos menos atentos é sofrimento, mas que no fundo é prazer. Ou
melancolia. Uma louca, maravilhosamente, louca persona.
Ainda assim, finjo crenças e sentimentos que não possuo para omitir de mim outras
crenças e sentimentos que não posso oferecer pois estão presos nas profundidades
de meus dramas. Hipocrisia, “eu quero uma pra viver”, ou seria
ideologia?
As lutas são internas, não posso revelar sob prejuízo de
perder a exclusividade de defender as minhas ideias. E em dias se sol e calor,
chuvas ou frio, ninguém tem mais ideologia, causas ou rebeldias. Está tudo
exposto, aberto e banal.
E a natureza de mim mesma
floresce na loucura da fé não expressa. Eu não sei rezar... Me recolho
aos meus livros, perdida em mim, em sonhos, não realizados, construído personagens,
afagando necessitados, iluminando sombras alheias na esperança de que as minhas
ignorâncias deixem em paz os meus EUs. “Assim
caminha a humanidade” disse uma banda de rock de meu tempo.
glaucia
set/2012
Monólogo fantástico, amiga!!!
ResponderExcluirAdorei o material. Inspiração aflora e te faz muito bem estarem frente a um teclado nessa hora. Continue!
Vindo de você é um mega incentivo!
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