Hoje no caminho do supermercado, e depois, enquanto
escolhia as frutas e avaliava o preço do tomate, me peguei refletindo sobre os
amores e suas manifestações. Tenho um amigo que diz que existem vários tipos de
amor para os mais variados relacionamentos da vida e conforme as mais variadas
intensidades e significados. Isto que ele sempre me diz, me deixa deveras intrigada. Mas para este post, recortei
o
tema em amor dos poetas e o amor do homem comum que complemento agora
com mais calma. O trânsito de minha cidade definitivamente não é muito
motivador para reflexões filosóficas. Mas vamos ao assunto: Esforço-me
por compreender por
que tantos poetas cantam o amor e o mundo continua tão sem amor assim.
Acho que é por que na poesia se vive o amor mental, que não
precisa ser medido, julgado, condenado, avaliado sob as luzes de câmeras dos
iphones e registros em filtros Instagram. O amor das poesias vem, sem preconceitos, sem pelejas e existe apenas
pelo prazer. Ainda que seja o
prazer da
dor ou da perda. Ao final, imagino que os poetas são eternos solitários,
porém
de vida interior rica e criativa. Conseguem viver suas afetividades de
maneira intensa, ainda que efêmeras. Incrível como um poeta entra e sai
de estados mentais como se trocasse de roupa!
Já para os homens comuns, fica cada vez mais difícil
viver seus amores (seja qual for) sem parecer ridículo, sem parecer piegas ou
brega. O coitado do homem comum tem que estar sempre a postos para se garantir
na masculinidade em um mundo de provocação sexual constante. O tempo todo o
mundo lhe exige que cace, que se
promova, que vença, que seja o primeiro, que funcione, que seja ambicioso... A
ditadura da performance em tempos de tecnologia, onde todos podem ver quase
instantaneamente o seu fracasso.
Concluo que este talvez seja um homem perdido de nosso
tempo e um poeta que nunca nascerá. Homen aprisionado em suas angústias, seu destino assim como o
do poeta, talvez seja também a solidão. Mas neste caso a solidão que não viveu. Homem
e poeta no mesmo ser, será um ou outro conforme for capaz de libertar-se em absoluta ratificação do verso de Pessoa:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
O amor do poeta é
letra, jogo de palavras, sonhos e versos
Do homem, dor e paixão
O amor do poeta é sublime, fogo que não queima
Do homem, carnal, labareda
que consome-se em chamas
O amor do poeta é canção, elevação, coração e solidão
Do homem é
compartilhar sorvete, tomar um vinho, dividir alegrias de tristezas
O amor do poeta se se vai ao vento em perfumes e flores
Do homem fica no calor, na emoção ou na excitação do porvir
O amor do poeta é
efêmero e múltiplo, se basta
Do homem é fome e
sede profundas, não se preenche
O amor do poeta é loucura
Do homem sandices
No fim, todos os rios vão para o mar e as cores para o
arco-íris
Os poetas com seus poemas, os homens com suas guerras e seus amores
Todos vão para Deus.
By Glaucia
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