domingo, 18 de novembro de 2012

A FANTASISTA

Hoje no caminho do supermercado, e depois, enquanto escolhia as frutas e avaliava o preço do tomate, me peguei refletindo sobre os amores e suas manifestações.  Tenho um amigo que diz que existem vários tipos de amor para os mais variados relacionamentos da vida e conforme as mais variadas intensidades e significados. Isto que ele sempre me diz, me deixa deveras intrigada. Mas para este post, recortei o tema em amor dos poetas e o amor do homem comum que complemento agora com mais calma. O trânsito de minha cidade definitivamente não é muito motivador para reflexões filosóficas. Mas vamos ao assunto: Esforço-me por compreender por que tantos poetas cantam o amor e o mundo continua tão sem amor assim.
Acho que é por que  na poesia se vive o amor mental, que não precisa ser medido, julgado, condenado, avaliado sob as luzes de câmeras dos iphones e registros em filtros Instagram. O amor das poesias  vem, sem preconceitos, sem pelejas e existe apenas pelo prazer.  Ainda que seja o prazer da dor ou da perda. Ao final, imagino que os poetas são eternos solitários, porém de vida interior rica e criativa. Conseguem viver suas afetividades de maneira intensa, ainda que efêmeras. Incrível como um poeta entra e sai de estados mentais como se trocasse de roupa!
 para os homens comuns, fica cada vez mais difícil viver seus amores (seja qual for) sem parecer ridículo, sem parecer piegas ou brega. O coitado do homem comum tem que estar sempre a postos para se garantir na masculinidade em um mundo de provocação sexual constante. O tempo todo o mundo lhe  exige que cace, que se promova, que vença, que seja o primeiro, que funcione, que seja ambicioso... A ditadura da performance em tempos de tecnologia, onde todos podem ver quase instantaneamente o seu fracasso. 
Concluo que este talvez seja um homem perdido de nosso tempo e um poeta que nunca nascerá. Homen aprisionado  em suas angústias, seu destino assim como o do poeta, talvez seja também a solidão. Mas neste caso a solidão que não viveu. Homem e poeta no mesmo ser, será um ou outro conforme for capaz de libertar-se em absoluta ratificação do verso de Pessoa:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."


O amor do  poeta é letra, jogo de palavras, sonhos e versos
Do homem, dor e paixão
O amor do poeta é sublime, fogo que não queima
Do homem,  carnal, labareda que consome-se em chamas
O amor do poeta é canção, elevação, coração e solidão
Do homem  é compartilhar sorvete, tomar um vinho, dividir alegrias de tristezas
O amor do poeta se se vai ao vento em perfumes e  flores
Do homem fica no calor, na emoção ou na  excitação do porvir
O amor do poeta  é efêmero e múltiplo,  se basta
Do homem  é fome e sede profundas, não se preenche
O amor do poeta é loucura
Do homem sandices

No fim, todos os rios vão para o mar e as cores para o arco-íris

Os poetas com seus poemas, os homens  com suas guerras e seus amores

Todos vão para Deus.

By Glaucia
 


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