terça-feira, 2 de abril de 2013

UM DIA COMUM EM MARÇO


 



Cheguei na escola para buscar meu filho ao meio dia e dez. Todas as vagas para PNE ocupadas. Não falei nada a principio, pois não sei se são pessoas que precisam como eu. Contudo, verifiquei que um dos carros tinha um senhor esperando ao volante. Perguntei se já estava saindo e ele não respondeu, como se não ouvisse. Achei um lugar qualquer, também errado, e adentrei rapidamente, não sem antes me desculpar, já que eu também estava “entravando” o transito e infringindo regras. Ao voltar passei pelo carro que ainda aguardava com meu filho em sua cadeira e apresentei: Este é meu filho. Ele já fazendo manobra para sair novamente me ignorou. Neste instante, chega a família (uma moças de uns 30 anos e 3 crianças de aproximadamente 9 anos) para embarcar no carro que estava estacionado na outra vaga. Tentei falar com ela, mas ela entrou no carro rapidamente e bateu a porta enquanto eu lhe dirigia a palavra. As crianças entraram rápido e fecharam o vidro. Fui embora com meu filho com meu coração saindo pela boca de tanta indignação.
Como é seria a questão da educação/inclusão neste pais. Como dói  a indiferença. São indiferentes pela ignorância. É muito pior.  É como o homem frente ao fogo quando não o conhecia, teme, foge. É preciso fugir para nao encarar as dores da sociedade. Para não encarar a necessidade de se fazer algo pelo outro. Para nao se comprometer. Igualmente a maioria das pessoas se comporta com os bichos, com as queimadas, com o lixo nas ruas, com as pequenas espertezas no trânsito, na fila, com o colega que cola na prova. Neste último caso, quem cola na prova é até elogiado. As vezes queria fugir de um mundo tão injusto, mas as vezes também me lembro do apoio que recebi quando precisei com meu filho a beira da morte. Pessoas do Brasil se movimentavam, faziam orações e até compramos medicamento importado de uma distribuidora sem depositar um centavo antes.  A atendente, chamada Renata, se solidarizou e colocou o produto no primeiro vôo na confiança de pagarmos depois.
As vezes sonho que uma pequena gota de cidadania, como abordar aqueles pais no estacionamento possa fazer a diferença. Talvez tenham fingido que não me viram ou ouviram e talvez conversem sobre o assunto no almoço.


 

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