Cheguei na escola para buscar meu
filho ao meio dia e dez. Todas as vagas para PNE ocupadas. Não falei nada a
principio, pois não sei se são pessoas que precisam como eu. Contudo,
verifiquei que um dos carros tinha um senhor esperando ao volante. Perguntei se
já estava saindo e ele não respondeu, como se não ouvisse. Achei um lugar
qualquer, também errado, e adentrei rapidamente, não sem antes me desculpar, já
que eu também estava “entravando” o transito e infringindo regras. Ao voltar
passei pelo carro que ainda aguardava com meu filho em sua cadeira e
apresentei: Este é meu filho. Ele já fazendo manobra para sair novamente me
ignorou. Neste instante, chega a família (uma moças de uns 30 anos e 3 crianças
de aproximadamente 9 anos) para embarcar no carro que estava estacionado na
outra vaga. Tentei falar com ela, mas ela entrou no carro rapidamente e bateu a
porta enquanto eu lhe dirigia a palavra. As crianças entraram rápido e fecharam
o vidro. Fui embora com meu filho com meu coração saindo pela boca de tanta
indignação.
Como é seria a questão da
educação/inclusão neste pais. Como dói a indiferença. São indiferentes
pela ignorância. É muito pior. É como o homem frente ao fogo quando não o
conhecia, teme, foge. É preciso fugir para nao encarar as dores da sociedade.
Para não encarar a necessidade de se fazer algo pelo outro. Para nao se
comprometer. Igualmente a maioria das pessoas se comporta com os bichos, com as
queimadas, com o lixo nas ruas, com as pequenas espertezas no trânsito, na
fila, com o colega que cola na prova. Neste último caso, quem cola na prova é
até elogiado. As vezes queria fugir de um mundo tão injusto, mas as vezes
também me lembro do apoio que recebi quando precisei com meu filho a beira da
morte. Pessoas do Brasil se movimentavam, faziam orações e até compramos
medicamento importado de uma distribuidora sem depositar um centavo
antes. A atendente, chamada Renata, se solidarizou e colocou o produto no
primeiro vôo na confiança de pagarmos depois.
As vezes sonho que uma pequena gota
de cidadania, como abordar aqueles pais no estacionamento possa fazer a
diferença. Talvez tenham fingido que não me viram ou ouviram e talvez conversem
sobre o assunto no almoço.
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