quinta-feira, 30 de julho de 2015

TRANSIÇAO DE CARREIRA

Tenho visto e acompanhando ao longo de minha carreira a ansiedade de muitos  profissionais que vivem em guerra com as agruras do exercício profissional. Tudo se inicia com um desconforto em relação a valores e princípios que vai evoluindo para desadaptação, insatisfação e estresse. Em meio a tudo isto vai surgindo um desejo de se fazer outra coisa ou a mesma coisa de outro jeito.
Se o profissional fica nesta condição por longos períodos de tempo tende a perder motivação e  produtividade além do risco de desorganização do próprio sistema prático de trabalho e de saúde geral, o que explica muitas das doenças psicossomáticas relacionadas ao trabalho. O mercado indica que a maioria dos afastamentos do trabalho se dão por doenças relacionadas ao estresse.
Pode um veterinário descobrir, no auge dos seus 37 anos, de seu exercício técnico irrepreensível que deseja trabalhar com desenvolvimento humano? Sim. O desejo surge e vai crescendo como uma ideia louca e improvável. 
É possível uma executiva, engenheira se descobrir fazendo cursos e pequenos trabalhos de decoradora e isto crescendo sem controle ir mudando seu lugar no mundo.
Quanto mais  consciência desta circunstância mais facilmente a pessoa vai cedendo e descobrindo novos jeitos de atuar e de repente sente seu coração vibrar. Este desafio é tão belo e estimulante quanto assustador para quem o vivencia.
Minha recomendação aos clientes tem sido sobre a  importância  de se olhar para sua atuação profisional. O olhar para dentro é a única possibilidade de se lidar com escolhas antigas e com novas decisões.   Perceber que talvez suas posições idealistas, ou talvez humanistas, podem ser atípicas neste ambiente  organizacional. Notar que talvez sua ânsia por uma condução mais assertiva pode ser irrealizável neste contexto. As circunstâncias variam bastantes de caso a caso.
Isto é uma construção, não deve ser feito às pressas. Precisa sim ser uma observação profunda,  delicada e paciente com espírito aberto para identificar o que realmente se quer de maneira consistente.
O fato é  que tudo queremos consistente em nossa vida precisa vir da serenidade para ouvir nosso coração. Sabemos que estamos no caminho quando pudermos perceber que o peito vibra apesar dos desconfortos iniciais. Temos certeza que estamos em nosso lugar profissional quando concluímos que faríamos isto gratuitamente para sempre.
O fundamental é olhar para si e avaliar o que pode ser adaptado se é possível ceder ou mudar. Fica a grande perguntas: Como olhar para si? Este é um exercício desafiador pra muitos profissionais. Olhar para si é um prática de silêncio. É um pensar em nada enquanto dá um tempo para seu próprio sistema se organizar. É extremamente eficaz, basta ver que muitos saem de férias e quando voltam, vêm com mudanças e decisões diferenciadas. Um pouco de tempo para si neste mundo moderno pode ser a chave.
Glaucia Ribeiro

Maio/2015

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